Poemas : 

Das certezas absolutistas

 
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Tenho medo de dizer a coisa certa.
De acertar o comentário.
De ter no meu armário
a fórmula para a minha vida,
e por altruísmo,
(porque não?)
para a vida dos meus irmãos.
Também não quero que seja
de qualquer outro mortal
da minha sina, o sinal.
Todas essas receitas
para condutas ditas perfeitas
trazem em si o mesmo mal.
A convicção.
A certeza da proeza de executar a ação
tal qual o manual, o caso real,
racional, liberal, que deve ser igual
para enfim ter paz no fim.
Eu acho que...
Eu não sei.

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Autor
thiagodebarros
 
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Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 07/08/2016 11:00  Atualizado: 07/08/2016 11:02
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
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Mensagens: 308
 Re: Eu não sei
É sempre melhor a dúvida à certeza, já que a dúvida nos impele a procurar a certeza; enquanto a certeza se acha já tão certa que não exige qualquer busca, aceitando-se como dogma e rejeitando todas as outras certezas que a contradigam.
As “condutas ditas perfeitas” são as que procuram uniformizar-nos, fazendo da nossa vida um montão de “receitas” que nos entretêm com certezas (para que não duvidemos delas), dando-nos a ideia de que há uma “fórmula para a vida”… fácil, atingível, firme… que nos conduz para um mundo perfeito (essa coisa ilusória que me lembra o “Cândido” de Voltaire…)
Mas, o melhor, é ter no “armário” um punhado de medos e dúvidas que nos façam vacilar as convicções, para se poder ser diferente de “igual” e minimamente consciente. Já que, no fim, é tudo igual. E havendo altura para duvidar é agora, desacertando no comentário enquanto o encho de dúvidas… porque “Eu não sei” também.