BARCO À DERIVA
Perdidos já o leme e a vela, corro
Os olhos pelo oceano a ver o abismo
Onde aprecio em meio ao cataclismo
Das ondas no convés o forte jorro.
Vem somente um petrel em meu socorro
E pouco pôde diante do que cismo:
A tempestade, extremo paroxismo,
Por milhas à deriva e em vão percorro.
Não tenho muito tempo... Já a quilha
Deixará de sulcar às ondas altas,
Que se elevaram contra as minhas faltas.
Castigo ou não, resta a maravilha
De saber quanto pode o mar ou a sorte
Ao me levar, contudo, até a morte.
Betim - 15 12 2015
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.