Não é difícil pra mim se lembrar de quando eu tinha seis anos de idade. Seis meses eram anos! Esperar as férias de julho e o natal era levar uma vida inteira, até que finalmente, a mãe dizia: Já são férias?!
Engraçado, porque, quanto menos idade você tem, mais devagar os anos passam. E, por contraparte, quanto mais idade você tem, mais percebe os anos indo e vindo com especial celeridade. Tudo tem o seu oposto, dizem. Creio ser verdade.
Pois então, quando eu tivesse quinhentos anos, acho que um ano teria pra mim o comprimento de uma semana... e um dia seria aquele breve cochilo à tarde, depois do almoço. Uma pessoa, que me acompanhasse durante cinquenta anos de sua vida, pra mim não seria mais do que aquele amigo que encontrei à tarde em uma esquina, com o qual troquei algumas breves palavras, e depois não mais o vi.
E então, e se eu tivesse Um Milhão de Anos, como pareceria a vida pra mim? Tão exato quanto uma progressão matemática, as pessoas, literalmente pipocariam ao meu lado, indo e vindo, como fogos de artifícios, intensos e breves, surgindo e desaparecendo, inflando-se do nada, e para o nada se recolhendo. A minha noção de tempo estaria acelerada às raias do inimaginável, e toda uma vida humana, da infância até à velhice, pra mim seria apenas um breve surgir e apagar nas noites do tempo.
Somos vaga-lumes perdidos nas noites dos tempos...
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