RENEGADO
Não nego nem renego que assim seja:
Nunca nada ninguém senão no arrego
D'essa luta incessante entre o si e o ego,
Tendo o dito por não dito onde almeja.
Contudo, se não falo sem que o veja,
Tampouco sei de cego a seguir cego...
Eu, terminantemente, não me nego
A ver a verdade onde não esteja.
Nenhuma nem nenhum me tem intacto!
Todo-mundo é ninguém no tudo ou nada,
Se não adianta olhar luz apagada.
Firma-se em negativa qualquer facto...
Muito embora a verdade vá no encalço,
Sequer é negar, sim excluir o falso.
Betim – 02 02 2005
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.