A imagem ofuscada no espelho,
vai pouco a pouco deixando ver
o retrato de uma mulher,
que conhece o tempo e os caminhos
por onde caminhou...
Lembro, as jovens tardes de verão...
Quantos... Quantos anos...
Foram passados e guardados...
Quantos sentimentos lembrados,
num emaranhado, aprisionados pelo peso do tempo...
Quantas vezes procurei...
Quantas vezes encontrei...
Quantas vezes perdi...
Quantas vezes não achei...
Diante do espelho...
Tomo um gole de ar fresco,
e com um nó na garganta,
ajeito o cabelo.
Guardo dentro do peito,
tudo o que de bom a vida me tem dado!
Já não sou uma menina...
As noites são longas, e até amanhecer,
penso vezes sem conta na minha vida...
A almofada é a minha testemunha de noites mal dormidas,
ela conhece os meus sonhos, as minhas alegrias e as minhas dores...
Olhando para o espelho, vejo o que sou...
Os meus olhos já não olham para lá do horizonte...
O meu sorriso perdeu a espontâneadade!
A vida mostrou-me a sua face mais negra...
E, eu sobrevivi!
Olho para o espelho, e para a almofada...
Um mostra-me a realidade... a outra convida-me a sonhar,
nas longas noites que passamos juntas!
Mas eu...
Já não sou uma menina...
Pois não...
Nunca mais...
Ariane
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