Porque me fugiram as palavras
levadas pelo vento que por aqui passou,
sento-me neste chão frio da inquietude…
e pela janela aberta
deixo meu olhar viajar meus pensamentos
sobre o dorso do mar que me contempla,
até ao ensolarado horizonte
na ânsia de que alguma suave brisa
me traga em cores diáfanas,
nas asas de alguma gaivota,
a maresia inspiradora
que solte as amarras
do entorpecimento que me prende
e enche o vazio do meu sentir!
Mas nem escuto o grasnar da gaivota,
nem a maresia me inspira,
tampouco a brisa me traz o sol
nos braços de alguma melodia
que acalme a minha melancolia!
Só me resta esperar…
Esperar que o vento volte,
traga tudo o que de mim levou,
em especial os meus pensamentos…
Sem eles, fico despido e vazio
neste frustrante desânimo
que me invade a alma,
me esfria o corpo
e congela a mente!
Sei que o vento voltará…
José Carlos Moutinho
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