Minhas memórias agora são como grilhões,
prendendo todos estilhaços espalhados,
cacos de um tempo que estava livre e fácil
e no orvalho da manhã andava descalça.
Você veio e me ensinou uma forma de amar,
diferente, que só via por trás das paredes;
diziam que se me entregasse a esse amor
jamais outra vez veria flores crescerem,
ou ouviria o canto dos pássaros ao amanhecer.
Esse amor me manteve fechada atrás de portas,
das pecaminosas preocupações não me livrando.
Tudo o que esperava impaciente era um novo dia,
no qual com você, não haveria tristeza e ansiedade,
nem a necessidade de esconder meus sentimentos.
De repente, acordei e logo percebi com surpresa,
que alguém que andava ao meu lado já não estava,
tornou-se sombra lenta na poeira no meu caminho,
enquanto antes me manteve como que em grades.
Agora sozinha no mundo não há nenhuma proteção
fechada em mim contra as paredes, sem um portão.