O HOMEM DE PEDRA
De um monte de pedras escurecidas,
Esverdeadas por musgos invasores,
Modelaram teu rosto,
Teu corpo,
Teu pranto;
Cresceram teus membros rígidos
Daquela pedra fria, indiferente...
Sob o peso do martelo imponderável,
Lacerando a rocha sólida,
No espaço de polir,
Fizeram-te sorrir.
Revestiram-te com a argamassa
Que recobre os poderosos.
Invadiram o âmago da pedra,
Que pulsou como coração,
Com a força telúrica da grande criação.
Colocaram-te,
No pedestal dos predestinados,
Em meio ao povo que te fez
E te amou pela mão do artista,
No desejo da perfeição.
Desapareceu um dia,
No encanto de um butim fetichista,
Misturando-se em meio à multidão.
Nunca mais foi encontrado o homem de pedra.
Confunde-se, hoje,
Ao mais comum dos mortais,
Nas praças,
Favelas,
Congressos
E catedrais.