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O sangue dos outros

 
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Os elmos tristes com as mocadas sofridas pingam fluidos.
Descansa a espada no calor das tripas alheias.
Os braços possuidos por uma raiva primitiva são deuses da guerra.
De sacão a lâmina deixa o ninho vivo e o sangue volteia no ar.
A lingua sôfrega saboreia o sabor da vitima e os braços já buscam a próxima.

Na mente do artista nada existe a não ser a beleza da Vitória.
As causas do Mal nada são em tempo de luta.
A escolha foi feita egoticamente e já nada á a fazer.
Os braços gritam mudos estraçalhando carnes desconhecidas e mornas.

Um bailado mortal acontece e as peças encaixam.
A lei do mais forte continua actual e Darwin rebola de gozo na campa.
Mais uma vez o melhor venceu e um pelourinho nasce numa praça.
Os chicotes estão em exposicão e não faltam costados.

Chegam Homens esterilizados em busca de corpos frescos.
Com arte e sem sentido os sacos pretos são fechados.
Fazem-se contas á Morte e é preciso fazer alguma coisa.
Não se pode tingir um campo de vermelho sem um motivo.

Os gigantones provam o sangue alheio e temem pelo seu.
Tal qual cão que provou carne humana a vida em sociedade torna-se um risco.
Até quando conseguirão manter as mandíbulas cerradas.
Um dia chegará em que faremos brindes com o sangue de outros.


A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.

 
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Paulolx
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Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 22/02/2008 15:21  Atualizado: 22/02/2008 15:21
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Usuário desde: 20/01/2008
Localidade: SP
Mensagens: 3489
 Re: O sangue dos outros
compartilho a ideologia. Quando se vê um doente acaba-se por matar... triste. Há de se fazer um tambor opressor com o couro dos outros. (desculpe-me se interpretei erroneamente). Parabéns! porque palavra melhor ainda não inventaram.


Enviado por Tópico
flavio silver
Publicado: 22/02/2008 15:53  Atualizado: 22/02/2008 15:53
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Usuário desde: 24/09/2007
Localidade: barcelos
Mensagens: 1001
 Re: O sangue dos outros
gostei do teu poema. a luta continua.
força aí.
parabéns.


Enviado por Tópico
Ramgad
Publicado: 22/02/2008 16:07  Atualizado: 22/02/2008 16:07
Colaborador
Usuário desde: 13/04/2007
Localidade:
Mensagens: 930
 Re: O sangue dos outros
Legal seu poema, é a realidade triste mais uma vez nos arrancando lascas...
A realidade mto bem expressa nos seus versos.
Aplausos para vc poeta.

Ramgad


Enviado por Tópico
SOB_VERSIVA
Publicado: 08/03/2008 01:08  Atualizado: 08/03/2008 01:08
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Localidade:
Mensagens: 107
 Re: O sangue dos outros
WOW!
Tanto por dizer, que nada sai!
(...)Os chicotes estão em exposicão e não faltam costados.

Chegam Homens esterilizados em busca de corpos frescos.
Com arte e sem sentido os sacos pretos são fechados.
Fazem-se contas á Morte e é preciso fazer alguma coisa.
Não se pode tingir um campo de vermelho sem um motivo.(...)
*
Isto nada tem a haver com sadismo ou masoquismo...tem a haver com Hiper-realismo !
*
Só consigo defini-lo...com as palavras que saem de si!
Fortes, mas sem o anátema do medo!
Precisas, acutilantes, coerentes num "palco de insanidades"!
Paulo,não cerceie a sua frontalidade, para se ajustar aos padrões "politicamente correctos"!
Como Fernando Namora reclama, ser Poeta é sobretudo sentir , e não ter medo de dizer o que sente.
Eu sei que ele já está num degrau em que multidões o ouvem :)...mas ele começou no primeiro degrau! :)
Olhe, gostei!

Ana C./SOB_VERSIVA