Os dias bons passam rápido e sem reflexão.
O Sol brilha e as mortalhas não acabam.
A música é sempre fresca e as almas gémeas não criticam.
Tento levar-me a pensar mas uma voz diz-me que não vale a pena.
Páro, tentando perceber quem fala.
No meio da cacofonia não concluo a tarefa e aproveito o descanso.
A doce paz que brota de mim lava quaisquer angústias.
Sentado a folha de papel vazia parece-me maior que nunca.
A falta de dor leva-me á quietude total.
A sensação de equilíbrio leva-me a evitar o movimento.
A minha caneta teima na cegueira e as mortalhas sempre a sorrir.
O pesar chega mas a minha leveza esquiva-se.
O domínio de mim mesmo é suficiente prémio.
Tentando a todo custo trancar a besta dentro de mim,
Acabo por secar a fonte e em busca de novos pastos vou.
Andarei eu em busca de angústias?
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.