Dizem-se coisas de pasmar
Quando se abre uma boca espontânea
Sem intenção de chamar a atenção...
É como sonhar alto ou delirar
Ou mesmo falar com uma bebedeira tamanha
Em que ninguém fica de pé para seguir uma direcção.
Fugir de uma censura apertada
Requer que saiam coisas de pasmar
De bocas onde não mora a espontaneidade,
Onde a lábia é fartamente elaborada
Por cabeças que não param de pensar
Nas maneiras de dizer a liberdade.
Só os sãos não trocam a vida por escravidão,
Só eles sabem o que andam por aí a fazer,
Os outros desconhecem o que se está a passar.
Se eu crescer quero ser um são
Para poder ter o meu poder
De dirigir, controlar e mandar.
Pode ser estúpido imaginar qualquer coisa
Mas pode ser são e espontâneo fazê-lo...
E o mundo é fácil de fazer girar
Quando se imagina tudo com a certeza
De que nada nesta vida pode detê-lo...
Afinal qualquer é uma certeza que se deve imaginar.
Que isto não se leve muito a sério
Pois é certo que espontaneidade é vida
Mas tento e juízo são o fiel da balança,
Por isso deixarei ao vosso critério
A resolução desta pequena contenda
Entre a experiência do homem e a espontaneidade da criança.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.