Metade de mim é serena
A outra metade é inquieta,
Juntando as diferentes metades
Farão de mim um todo de duas metades
Num gritante paradoxo de compatibilidade…
Por que se uma metade de mim
É tão diferente da outra metade
Daquilo que eu sou,
Creio-me um ser estranho
Duvidando que as duas metades se entendam,
Talvez uma metade seja rebelde
E a outra metade obediente
E quando as duas se amotinam
Eu não sou nada de cada metade
Serei unicamente a discórdia
das duas metades…
A metade obediente e serena é neutralizada
Pela rebeldia inquieta da outra metade
Ou vice-versa…
Sei que metade de mim me pertence
E a outra metade também
Por que completam o meu ser.
Se uma metade é alegria e felicidade
A outra metade é nostalgia e saudade
E a metade que é saudade
Anula a metade que é felicidade
Ou vice-versa…
Que serei eu então, neste conflito de metades
Talvez nada ou talvez tudo,
Se eu pensar que não existe em mim, metades
Levar-me-ei a pensar como um todo
No todo que eu sou afinal…
Creio que uma metade é feita de amor
E a outra metade também,
Por que em mim não existem metades,
Sou um ser uno indivisível e universal
José Carlos Moutinho