São sapos que chafurdam
nas poças rasas da ignomínia
e lambem os cheiros
das vozes agoirentas
sopradas pelo vento bolorento!
De olhar fétido secam as folhas
que vão caindo desgraçadas
no chão negro do avilte
de onde voltarão a reproduzir-se
incólumes e ainda mais abrutalhadas
como epidémica praga,
perfilhadas pelo negro e funesto olhar!
Ao toque de suas mãos, turvam-se as águas
vomitadas pelas escarpas da vaidade
onde se afogarão na sua própria torpeza
após terem fenecido as margens pestilentas
do rio da sua insignificância
que os transportou à foz do nada!
Vegetam empedernidos pela ilusão do eterno,
mentes perturbadas pela visão opaca
que lhes atrofia o discernimento
e lhes confunde a realidade da vida.
José Carlos Moutinho