Meia noite
escondem-se os vultos
sem medo das ventanias soltas
Percorrem ruelas
num silêncio cativo
onde arde a madrugada
repentinamente
deixando o tempo escapar
por entre as mãos da vida
em fuga inadvertidamente
Cai a noite
e a escuridão permeia o vão
de todas as minhas solidões
Tenho que repensar o dia
mesmo sem sol
deixar as insónias incrustadas
num verso marital
indelével e tão factual
É meia noite
e só tenho gula de ti
desarranjando minha biblioteca
só pra te ler
desnuda alimentando
meu jejum gemendo
espontaneamente
Até as pedras falarão
quando te recostares neste
poema…quieto
em marcha para ti
congratulando teu despertar
que se desprende em silêncios
num ímpeto selecto acalentar
FC