Nega-se a mão a desenhar o pensamento,
escusa-se o poema à vontade da inspiração,
ausentam-se os versos à seara da criação
dando lugar ao fracasso da colheita
de uma provável e bela escrita lírica…
ou até do florir de um singular jardim
de simples metáforas coloridas
abraçadas ao sentir bucólico das cores...
...Mas tudo se confunde num misticismo
que se entranha no mais profundo da sua alma
e lhe entrava os gestos da mão que escreveria
e cala a voz do coração que se lamenta
pela incapacidade de soltar as amarras…
Amarras que os prendem às margens do absurdo
e não lhes permite navegar...
Navegar pelas palavras plantadas,
onde o joio não cerceasse o sentido
e o desejo de inventar o poema.
José Carlos Moutinho