Nas horas que estou só, estes momentos que me pego a escrever, pode haver mais pessoas comigo no local, mas me isolo na minha solidão existencial, escuto vozes. Lembro-me do falar cantado das mulheres, o dizer delas soa-me como música aos meus ouvidos, a cadência do dizer e suas entonações é algo que transmite emoções. Como sou poeta, e trabalho com sentimentos, a companhia feminina me traz desde alegria as mais doces recordações. Basta ficar calado a ouvir as vozes que saem a minha volta, e a alegria existencial brilha no meu ser, traduzida pela música aos meus ouvidos. Posso não entender todas as palavras, posso não decifrar as idéias, posso perder-me sobre o peso imaginário dos seios que vejo, mas a música brota em minha alma, causando-me uma simpatia entre o meu ser e o meu ouvir. Sei também que estas palavras que me embalam podem um dia magoar, me trazer preocupações, mas isto é o que mais me fascina: a mulher não esconde emoções no seu dizer! É como se todas as músicas que elas cantassem fossem sempre interpretadas, podem se perder na técnica por excesso de emoção, e isto me fascina e me deixa sem razão!