As cordas de uma guitarra,
Cortam a noite em gritos rasgados...
Num beco escuro
Onde o eco não entra
E a minha voz soa
E as emoções correm desenfreadas
Por atalhos desconhecidos;
O som doce, árido, cruel,
Que me atrai e me repudia,
Deixa-me eufórica, extasiada,
E a minha voz devagarinho vai
Na noite fria,
Sacudindo-me em espasmos de gozo,
De felicidade,
Por aquele momento ser só meu;
Instantes que testemunho,
Mas que vivo também,
Numa ânsia de solidão,
De desamparo,
Mas onde me sinto Eu,
Me sinto viva,
Onde tudo aquilo me pertence
E eu mesma o provoco.
Naquele beco,
Onde a escuridão da noite
Me embriaga e me deslumbra,
A melodia de uma velha
E desafinada guitarra
Acompanha a minha voz,
Suavemente amarga.
Sinto-me viva,
E grito ao eco inexistente
Que me persiga a voz,
Que a eternize,
Enquanto eu proclamo felicidade.
E.L.
2007/12/19
E.L.