A água cai e fertiliza a terra sem explicar como nem porquê
Assim nasce uma vida enquanto realizo o mundo inteiro
E sinto na planta dos pés esta verdade universal
Nos primeiros passos que dou a descobri o passar das horas
A imaginar o passar dos dias e a inventar o passar dos anos
Vivendo breves metamorfoses
Numa directa existência rumo a um vazio memorável
…
Do nada nascem poemas
E nascem jardins entre prisões
Da liberdade nasce uma brisa que suave me toca o corpo.
Vivo breves metamorfoses sem me conhecer
Vivo outra vez
Mas estranho-me sempre nas úlceras do tempo.
…
A água cai e fertiliza a terra sem explicar como nem porquê
Nascem jardins entre prisões enquanto realizo uma dor.
Quero-me através do tempo como se fosse hoje falar de mim
Para não me esquecer que vivi.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.