Começo esse poema voltando de onde (não) fui
Falo de estradas rasgadas, mulheres caladas
Traduzindo palavras que saem do canto dos pássaros
Em cada passo vivendo a leveza do silêncio das pedras
Preencho meu vazio com o silêncio das palavras
Faço dos meus versos um fazedor de felicidade
Invento tardes, trocando estrelas por gotas de chuva
Durmo dentro da noite molhada, me enxugo nas estrelas
E o canário compõe seu último verso, coisas dos poetas
Um violino afinado tece com a aranha uma valsa cismada
Guarda no meu bolso a emoção e a poesia nas palavras
Nessa lapa nunca deixo de esquecer o que não vejo mais
Quando saio de mim, encontro nesse vazio o sentido amor
José Veríssimo