Poucas palavras de esperança ninguém vai dizer,
a alma se quedou no alto de um penhasco ao mar
vejo as ondas chicoteando com vigor as falésias
confundindo-se os espirros d’agua com lágrimas.
Ali do alto não vejo passarem invernos, nem outonos,
não sinto o calor das noites quentes flechadas ao luar.
Só me lembro de uma primavera em passado remoto,
chorava copioso abrigado por um salgueiro no quintal.
Aquecia-me o sol germinal acariciando faces infantis
secando-me lágrimas vertidas por ter sido abandonado,
até o arrebol incipiente quando a lua soava voz de prata.
Mirando o luar, e soluçando dizia vez em quando um ai,
entre as flechas do salgueiro fluía minha débil voz:
- Onde estará quem procuro? Onde estará meu pai?