Eu sou uma depressão, seca e improdutiva, na humanidade, num cenário em catástrofe evolutiva e estéril, vivo numa faminta mistura ignóbil, nas reuniões das cercanias.
Sou um viandante com poucos seguidores na surdez dos meus deslocamentos, cercado por decrépitos desinteressados. Sou um cochicho, frio e escorregadio, numa cratera de muita orgia e cimentada de devassidão.
As minhas lágrimas falsas escorrem em direção do lixo das ilusões quiméricas, vindas da minha essência de falsidades, em um deserto cheio de entulhos imprestáveis.
Sou uma jóia cheia de jaças entrelaçadas numa série de difamações, tendo um itinerário de aclividade, porém, grampeado na minha solidão, jamais atingirei o ápice.
Sou uma prateleira no canto da minha vida enlouquecida, sem ser um elo de corrente, tal e qual, o planar das sarcófagas.
Flutuo, insanamente, me aproximando imerecidamente da verdade e, sobre os irmãos acomodados, quais seixos nas corredeiras e, me apossando de um saber irregular, idêntico às pedras nos caminhos dos portais da nossa mera existência. Também sou o saber popular braçal e vazio de sapiência plena, me apresentando como um retrato em cheirosos banheiros.
Também sou um navegador sem cáis na imensidão do espaço, me arrastando pelas águas, na voragem das imprevidentes quedas das águas.
EU SOU O SEU EGOCÊNTRICO! Amordaçado de ignomia e inverdades, numa orquestra de falsidades, vindas da sua impostura... Fraudulenta!
A seguir, apresento-lhes um meu poema inédito e alusivo ao texto acima:
O REFLEXO!
SOU uma restinga humanóide
Num universo em cataclismo.
Sou uma voraz miscigenação
Nas junções dos horizontes.
Sou um tropeiro sem seguidores
Na surdez de ébrios indiferentes.
Sou um sussurro frio deslizante
Na cratera da orgia sedimentada.
Sou o escorrer das lágrimas
Nas sucatas das ilusões,
Sou uma duna protetora
Num deserto de restolhos.
Sou um talismã pingente
Num renque de infâmias.
Sou uma rota íngreme...
Grampeada de solidão!
Sou uma cantoneira estática
Em recanto de mural insano.
Sou um elo de corrente
Num planar de abutres!
Sou o flutuar da verdade
Sobre seixos acomodados,
Sou pedra nos caminhos
Dos portais da nossa história.
Sou a cultura braçal
Do vazio do nada.
Sou quadro de paredes
De cheirosos sanitários.
Sou navegador sem porto
Na imensidão do espaço.
Sou o arrastar das águas
Na vertigem das cascatas.
Sebastião Antônio BARACHO.
conanbaracho@uol.com.br
Fone: (31)3846-6567.
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