e nesse quadro sinistro que pinto
com cores sem vida, esmaecidas
nuvens negras pesadas no céu em tempestade
nunca mais te verei entre o sol
jamais te terei nas madrugadas claras
não seguirei as tuas sombras pelas noites
e teu cabelo prateado não cobrirá mais meu rosto
agora és criatura dos céus
de onde veio pra me iluminar por pouco tempo
nesse vôo rasante pelo meu coração
as tuas marcas ficaram indeléveis
fincadas como punhais certeiros, bem no centro
não sei se te invejo nessa pedra fria
por teres que partir sem me dar nem um adeus
não sei se tenho raiva por me deixares tão só
sem me ter dado nem tempo de dizer que te amo