Dizem que nos idos d’ abril ao mar se largou, antes um mês;
do meu nascimento passado, para ele a mais infausta notícia;
soube-o vivo minha mãe quando recebeu um perfume francês,
pelo correio chegado de terras distantes, uma vez da Galícia.
Ninguém mais o viu depois que da fragata ganhou o mundo;
quando comecei a engatinhar pela sala entre móveis antigos
crescendo solitário e triste, e de tantos sofrimentos fecundo,
fugaz apareceu uma vez em julho, só para beber c’os amigos.
A cada ano - find’a primavera, quando sint’ o sol d’um abril,
é como se dele[o sol] ’tra vez recebesse as mesmas caricias,
deslumbrando-me sob um velho salgueiro em doces delícias.
Jamais veio me conhecer, nem ao salgueiro, agora senhoril!
Dizem que se casou com uma rameira com sifilis terminal,
mas continuará a me aquecer e ao salgueiro sol germinal.