Quando me lembro que a noite me pode sentir
trago um silêncio cansado no corpo a cantar
quando vejo Lisboa na janela a sorrir
trago um fado magoado na voz a soluçar.
E o Povo é mais Povo, os Poetas minha asa,
as varandas com sardinheiras nas janelas
em cada canto outra Lisboa, outra casa,
minha terra d'encantar por Fados e Vielas.
Levo na mão a saudade desta Lisboa
que eu sou o Tejo que pelas águas deslizou
quero outra vida, sem dores, mesmo à toa,
porque a vida é um Fado que o destino não levou.
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro