Poemas : 

Não Te Vejo Mais...

 
Se, com os olhos, não te vejo mais
Com o coração sinto-te mais perto
Não semelhante messias no deserto
Mas como um filho próximo dos pais.

Se, por entre meus dedos, lenta se vais,
Areia da ampulheta do tempo incerto
Que corre para o boçal e para o esperto
Iguais pombas do *Correia pelos pombais...

Então eu fico a lamentar a ausência tua
Pelas noites compridas que não tem fim
Deixando escorrer uma lágrima sentida.

Da janela do quarto fico a observar a lua
Assistindo aos espetáculos gratuitos da vida,
Sem graça, por não te ter perto de... Mim.





Gyl Ferrys

As Pombas (Raimundo Correa)


Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais,
apenas Raia sangüinea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.







*Raimundo Correia : Nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas maranhenses Referindo-se a seu nascimento sobre as águas, costumava Raimundo dizer de si, pilhericamente, "Sou um homem sem pátria; nasci no Oceano".[1] Filho de família de classe elevada, foram seus pais o desembargador José da Mota de Azevedo Correia e Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Corrêa,[2] ambos naturais do Maranhão. Seu pai descendia dos duques de Caminha e era filho de pais portugueses. Realizou o curso secundário no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em 1882 formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo, localizada no Largo de São Francisco, conhecida como Faculdade do Largo São Francisco, desenvolvendo uma bem-sucedida carreira como Juiz de Direito no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Neste Estado, foi o primeiro Juiz de Direito da comarca de São Gonçalo do Sapucaí.[3] Teve um sobrinho que levou seu nome, filho de seu tio José da Mota de Azevedo Correia, Raimundo Correia Sobrinho, formado em direito e poeta como o tio, que escreveu um livro de poesias "Oração aos Aflitos" publicado, em 1945, pela Livraria José Olympio Editora.
Raimundo Correia iniciou a sua carreira poética com o livro "Primeiros sonhos", revelando forte influência dos poetas românticos Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Em 1883 com o livro "Sinfonias", assume o parnasianismo e passa a integrar, ao lado de Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, a chamada "Tríade Parnasiana".

Os temas adotados por Raimundo Correia giram em torno da perfeição formal dos objetos. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando até a ser sombria. Ao analisar a obra de Raimundo Correia percebe-se que há nela uma evolução. Ele iniciou sua carreira como romântico, depois adotou o parnasianismo e, em alguns poemas aproximou-se da escola simbolista.

Faleceu em 13 de setembro de 1911, em Paris, onde foi tratar da saúde
 
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Gyl
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/11/2015 17:25  Atualizado: 23/11/2015 17:25
 Re: Não Te Vejo Mais...
Sentimentos que choram os instantes de uma magoa sentida pelos olhos.

maravilhosos poema