“ Quem me dera uma musa de fogo que os transporte ao céu mais brilhante da imaginação; príncipes por atores, um reino por teatro, e reis que contemplem esta cena pomposa.“
William Shakespeare, prólogo de Enrique V
Todo mundo sabe! Quem primeiro navegou no céu com diamantes foi Lucy, mas Paul perdoaria se a ganga luminosa da Via Láctea também fosse garimpada por jubilosa Euterpe, coroada de flores entoando melodias numa flauta olímpica. Mulher misteriosa de olhos que dizem palavras sinceras, enquanto sobre a fronte altiva, faíscas de estrelas sublimam-lhe os pensamentos mais alvissareiros. Voz doce, canta serena canção doce e estranha, repleta de regozijos à noite, despertando os sentimentos arraigados nos mais profundos grotões de qualquer alma até então desatenta.
Ter a amor dessa mulher misteriosa desperta disputas entre mortais. Imbuídos de presunção secular, muitas vezes esvaída em nuvens, se julgam dignos da atenção. Se ela nas mãos traz nítidos raios de luar, como aura do semblante gentil e tão sereno, tem mistérios vestidos de sensualidade nos traços graciosos que nunca vi. Pelos quais tanto me entusiasmei, sabendo de antemão que com as linhas do seu corpo posso desenhar figuras fantásticas na forma de ondas transcendentais contemplando a Vida e a Paz interiores. Diante de mulheres assim misteriosas e sofisticadas, não há alternativa outra que se ajoelhar, beijando a ternura que emana dos rastros deixados pelos caminhos de brandura que trilham sorridentes.
Pois, se já há uma precursora desbravadora dos diamantes do céu, tenho certeza que não se importaria com a presença de Jully numa esteira de estrelas. Cantando canções que podem extasiar qualquer mortal levando-os a total catarse de almas agoniadas. E John também não se importaria. Pelo contrário, acho que até dedicaria olhar semelhante ao que lançou à Yoko quando pela primeira vez a viu. E sei da aprovação de John! Às vezes, conversamos sobre mulheres misteriosas e os caminhos do céu, comentando como elas, de forma singular flutuam por todo o desvão misterioso da Via Láctea. E de outras tantas constelações que serão preenchidos, como por pontes de puro brilho. A cada raio de luz emitido poderei abraçar o mundo e cantar louvores às musas de tantos encantos e sedução.
Então, vai Jully...! Doce Jully, caminhe no céu com pedaços de estrelas levando borboletas a beijarem-lhe os ombros desnudos ostentando nas mãos o flash carmesim do beijo apaixonado que ainda não aconteceu.