Arrebata-me, minha alma domine neste ensejo,
vergue-me o espirito com seduções tamanhas,
até nos instantes em que a morte der o beijo,
mas seja minha, lítica senhora das artimanhas.
Assim ornada de véus oriundos da magia pura,
faça-me lhano títere num retesar de cordéis,
e enrede-me aos lascivos meneios da cintura,
mas deixe meus dedos, pois tira-me os anéis.
Venha, tão voluptuosa criatura, beleza infinda,
partilhe assim a cumplicidade de quem brinda,
divida comigo esse arcano à saciedade da visão.
Confiando-me só um de seus muitos segredos,
deixe que sossegue nos seus braços os medos,
o pavor de me afastar da sua personificação,
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.