REFLEXIVO
A tristeza d'um homem bom me absorve
E o jugo que o acabrunha diz de mim.
Reconheço em seus olhos algo afim
Dos meus a especular quanto lhe torve.
Talvez eu refletir-me n'ele o estorve,
Ansiando, mais que tudo, por ter fim.
-- Sem moral ou feliz: Só um fim-fim! --
Mas lágrimas ainda esse olhar sorve...
Ah, insuspeito espelho de minh’alma,
Não te ocultes ao meu olhar cativo,
Cuja insensata luz me tens a palma!
Não te inquietes do mal que em ti revivo,
Nem receies me somar dores às tuas.
Cuida que meu penar tu continuas...
Belo Horizonte – 10 10 2001
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.