Tempos

parabéns, Fábio.

Quando o espelho se parte, cada uma das suas partes continuará a reflectir-nos como um todo (não partido). Todavia, jamais seremos mostrados com a dimensão e unicidade com que éramos reflectidos pelo espelho original.

“Em que tempo,
o espelho partido
voltará a nos refletir?”

O “espelho partido” reflectir-nos-á sempre, mas como vários em vez de um.
Perderemos a nossa unidade e, mesmo colando as partes de modo a formar novamente o todo, o resultado será um objecto remendado e o nosso reflexo surgirá riscado pelos vários encaixes das partes.
O tempo reflectir-nos-á, mas de um modo diferente – seremos outro quando nos virmos; seremos “pedaços” que tentarão juntar-se, apesar de “os desencontros” nos habitarem e marcarem (como estilhaços) pelo tempo.
Talvez seja essa a paga para que os “novos caminhos” se possam delinear, já que o objecto partido terá de aprender a agregar-se ou não mais voltará a encontrar-se; e, no processo, aprenderá a apreciar os novos ramos e a desprender-se de algumas raízes.

Gosto de deambular pelos teus versos.