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EQUIVALÊNCIAS!

 
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EQUIVALÊNCIAS!
O almoço já estava no papo! Tinha sido comido num restaurante, com nome de santo. Deus seja louvado! Estava mesmo muito bom, melhor ainda porque de borla!
As sandálias de marca, essas, ainda estão à espera de data para a estreia. Talvez lá para o Verão, para os passeios pela marginal!
O que faltava, do lote dos prémios ganhos no concurso de quadras ao São Pedro, era levantar um vale referente a uma fragrância, à escolha, numa perfumaria. Finalmente, como o que tem que ser tem muita força, lá foram eles, ele e ela tratarem duns assuntos: deitar lixo ao contentor, passar pelo Lidl, arranjar óculos e, finalmente, ir à loja dos perfumes, escolher a fragrância!
-Boa tarde. Em que posso ser útil?
-Tenho aqui um vale, para levantar um prémio que ganhei num concurso de quadras.
-Ah! Parabéns. Muitos parabéns. Qual foi a quadra?
-Não me lembro. Tenho-a lá em casa. Depois trago-a.
-Não. Não é preciso. Perguntei por perguntar. Também gosto de poesia
-Parabéns. Deve ser bonita, como o seu sorriso que perfuma o ar desta loja
Ela, deve ter pensado: “Olha-me este”.
Todavia, deixou vir ao cima o aspeto prático do negócio, neste caso era uma borla!
-Que perfume prefere?
-Talvez uma água de colónia, disse sua mulher!
Depois logo aparecerem três palitos espalmados, impregnados com diversas fragrâncias!
-Experimente este, mais este e este.

O nariz dele nunca se viu com tanto stress! Sua mulher era mais rápida a analisar aromas, mas ele, como tinha o nariz mais comprido, era mais lento mais nas análises, contudo, impressionou a menina, ao definir que um aroma fazia-lhe lembrar a verde relva, cortada numa manhã de primavera, ao som dos pardais nos beirais, com seu cheirinho vindo da ressumância do chão. Já outro cheiro era mais seco, tipo madeira de carvalho, no augue da sua verde florescência!
A menina estava impressionadíssima!
Ele não disse mais nada, apenas a imaginar-se numa prova de vinhos e aguardentes!
A marca “Fim de Século” era a sua preferida!

-Que tal? Qual é a queres?, perguntou sua esposa.
-Ó querida, tu é que escolhes, pois tenho que dormir contigo.
-Não brinques. Tu é que sabes. O perfume é para ti!
A menina sorria, reforçando o ar charmante da perfumaria.
-Prontos. Então levo deste, disse ele.
Era o que cheirava a madeira seca. Não havia problema, até porque ele tinha remédio, lá em casa, contra o bicho!
Escolhido que foi o perfume, a menina pegou num frasco e dum depósito de cristal, através duma pequena torneira, trasfegou a essência nº 205 para o frasco!
-Parece tirar vinho do pipo, disse ele.
Esta observação deu azo a que a menina contasse uma cena, que logo após da perfumaria, uma senhora de idade que perante a cena anterior descrita, exclamou-
-:“Parece o meu marido a tirar bagaço do pipo, que tem lá em casa”.
No outro dia, depois do almoço, ele tomou o seu cafezinho, mas depois lá veio o remoque da mulher.
-Cheiras a “Aldeia Velha”, disse ela.
-Sim, filha, porque a “Fim de Século” acabou.
-Ainda ontem, ficaste tão perfumado, mas hoje já cheiras a bagaço! Não tens juízo nenhum!
Ele, um pouco ofendido, mas sempre pronto a transigir, convidou sua mulher a ir a uma prova de aguardentes, para escolher uma equivalente à essência duzentos e cinco, da “Equivalenza”
Ela disse que sim, mas como uma condição; quando ele ganhasse outro prémio de poesia.
Ele prometeu esforçar-se. Até porque água ardente dá-lhe mais inspiração e talento por dentro!
A essência duzentos e cinco evapora-se muito rápido!
O cheiro a água ardente não! Dura, dura, como pilhas recarregáveis! Contudo, ele está a esforçar-se! Toma mais cafés!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar


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