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AUTOBIOGRAFIA - capítulo três

 
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AUTOBIOGRAFIA - capítulo três

Em se tratando d’eu não ter mostrado factos,
Tal silêncio meu é antes esquecimento.
Pois, nada de importante entendo no momento
Advir-me de quaisquer datas, haveres ou actos.

Tão-só do que escrevi, registos inexactos
Tornando algo aleatório em acontecimento.
Assim os versos têm, sem mor merecimento,
Deixado aqui e ali sentimentos intactos.

Não mais que isso serão quando de vez me for,
Pois, muito pouco vale o que fiz em favor
D’uma arte que se oculta enfim dia após dia.

Por ventura há alguém qu’inda guarde um verso?
Ou não será que em vão reúno o ser disperso
Para apenas escrever -- de mim a mim -- poesia?

* * *


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 05/11/2015 14:27  Atualizado: 05/11/2015 14:27
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 Re: AUTOBIOGRAFIA - capítulo três
Série de sonetos alexandrinos de cunho memorialístico onde comento as origens de minha escrita.