Esse vestido preto decotado,
permite escassa visão,
mas só de um bocado,
pouco, apenas de uma fração
da pele macia, uma fatia.
Mais não permite que desbrave,
da tez morna, tão alva e suave,
revelada nua nesse desvão.
Pena tanta ressalva,
da parca vista através do decote.
Essa visão bate como chicote,
ao recusar o belo dote
e aguça, atiça a imaginação.
Desperta todo os sentidos,
desejosos de vislumbrar então
o corpo que esconde tão refreado,
sóbrio e bem comportado,
teu vestido preto decotado.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.