Ana morreu naquele dia,
o porquê eu não sei.
Talvez tenha morrido de medo, mas medo de quê também não sei.
Ana não gostava do cabelo, será que morreu por causa disso? Ou será que morreu porque queria agradar a todos menos a si mesma?
Ana se achava feia, mesmo eu insistindo o contrario.
Ana tinha um lindo sorrido; dentes brancos que doíam os olhos. Mas se olhassem para ela e dissessem que em vez de branco eram amarelos, Ana escovava até sair sangue da própria gengiva.
Eu adorava passear no parque com Ana, dizia a ela que a beleza das flores não chegava a seus pés. Só que Ana achava que eu estava zombando dela, e voltava para casa, aos pranto, deixando-me só.
Ana morreu naquele dia, e eu não consigo entender porque.
Encontraram-na morta ao pé da cama, tinha tomado remédios demais.
Sinto tanta falta dela, do seu sorriso lindo, do seu cabelo ondulado, dos seus olhinhos pretos.
Ana morreu…
E é tão difícil dizer isso, é tão difícil ir ao parque sozinho.
As flores não têm mais graça,
os pássaros perderam a voz,
o céu perdeu o azul,
eu perdi a vontade ir ao parque, a vontade de comer, a vontade de sair, a vontade de viver.
Ana nem me avisou,
foi e me deixou.
Ana nos matou porque queria agradar o mundo.
Ela nem me notou. Se tivesse prestado atenção teria visto que eu a amava.
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