Poemas : 

Rótulo do Amor

 
Rótulo do Amor


A meiguice do apoquento É em si um tal confronto De uma vida bis vivida Na favela onde se manda

Nas ruas, nos descampados Assim é: todos feitos mudos Nos túmulos de Herodes Onde tu ó amor, mordes

Etiquetado no meu coitado rosto Onde todos querem deixar o seu rasto Na felicidade colorida e envernizada No sorriso desabrigado da empregada

Assim se afundam os infiéis do paraíso Que nem se quer sabem dar um sorriso Para expressar no ventre do mar despido As desditas vividas na ousadia do cupido

Semeamos um amor menos colorido E colhemos o fruto precioso do alarido Nele nada, mas nada mandamos de verdade Ainda que visse com os olhos de humildade

A destreza do meu eu feito um Orfeu Prova a recusa promessa de Prometeu Feita no silêncio cavalgante da minha oração Hum! Esta geração é mesmo de reprovação

É assim mesmo que o amor rotulado age Eh! Quase sempre na hipocrisia do monge Às vezes no emudecido olhar de um casto Aparece e desaparece, sem deixar rasto

Mas tudo tem um todo, onde se busca o tudo Para chicotear Pandora do meu brado Mesmo livre de pele e banido de ciência Ainda assim, tenho uma alma de inocência

Peço o rédito do amor, dão-me o seu dístico Peço a cor do Amor Mesmo e Místico Oiço vozes sibilantes e assombrantes Que me fazem perceber a luta dos amantes

Ainda ergo o meu brado e grito mais forte Até que as grávidas lembranças da morte Expludam de vigias roubadas de antemão No espraiado discurso do padre no ambão

Somente deste modo incómodo e mórbido Arcarei o amor há muito tempo sumido Sem deixar rosto nem rasto, nem pegada Para detê-lo nas comportas da madrugada

O meu eu é o asilo destes amores perdidos Escondidos mas procurados até por doidos Nas covas dos sonhos meros e insolvíveis Vendidos sem dinheiro pelos indestrutíveis

Porém, obtidos com taxas sem precedentes Na crónica d’Apolo, dos menos estridentes E, este amor é um vento caro, porém ,pobre Pobre, embora nobre na ironia do cobre

Por causa deste estranho e assanhado amor Serei levado pelos coveiros da amizade Até à tumba dos desejos mantidos com ardor Até lá, serei o cadáver mais livre da Eternidade

De Malaquias Ndutito, Pseudónimo de Feliciano Nanga


 
Autor
Feliciano
 
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