Uma gota cristalina desaba do empíreo
E balanceia sobre a folha do velho tinhorão.
Depois se queda e se desfaz molhando o chão
Respingando nas folhas alvejantes de um lírio.
Outra gota desaba num lago de águas turvas
E, gota que é, acrescenta quase nada de líquido.
Levada pelas torrentes a gota dissolvida faz curvas
Serpenteando na massa aquática de um outro rio.
Mais um gota desaba dando de beber a plantação
Sofrida pelos anos de cruel, persistente e feroz estio.
Um cheiro de poeira perfuma os ares daquele sertão
Uma alegria infinita invade as plantas, o gado do tio...
Por fim chega a chuva lavando folhas, telhas e telhados
Alimentando os lençóis e as esperanças daquela cidadela.
Lá longe uma morena fica a observar a chuva pela janela
Sonhando, com os olhos cheios de chuvas, enamorados...
Gyl Ferrys