ABOIO
Fala a língua dos bichos quem os ouve:
Junta-os no campo; leva-os ao curral.
Sua voz não é sua, é ancestral.
Vem dos antigos, gente que aqui houve.
Quem à hora cante -- "Êh boi!" -- quem a Deus louve,
Tange as reses e a si no matagal.
Quando a invernada faz vir afinal
O orvalho da neblina qual lhe aprouve.
O córrego da várzea corre frio
Onde a estrada de chão para à porteira,
Pois lua e estrelas vão para o vazio.
Através da manhã levanta a poeira
Enquanto o boi responde já tardio
À sua melopeia de feira a feira.
Betim - 24 10 2015
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.