DE COR
Pôr palavras em tua boca: Ser.
Até que tua língua haja o sabor,
Que a ti um gosto antigo fez supor
E toda a vida havida faz saber.
Pôr-te devaneios pela mente: Ter,
Porém, o verso, diante do que for.
A encontrar-te um sentido ainda maior
Para saber exacto o que dizer.
Não falo aqui de frases, sempre vãs,
Antes de versos bons para ir além;
Que sirvam de valia em horas sãs.
Mas tenhas para ti que sou alguém,
Que talvez te pusesse a pena à mão
Ao pôr versos de cor, de coração.
Belo Horizonte – 10 06 2001
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.