“ Não procure por estrelas num caminho de cheio de pedras. Não as encontrará debaixo de nenhuma delas e ainda poderá tropeçar olhando o céu.”
Por vezes, não sei o porquê, sinto como se ambos fossemos filhos de linhas paralelas. Como casas que são construídas em fila, como o milagre da multiplicação dos camelos nos buracos das agulhas. Certo que foi um único e solitário arquivo, mas, com certeza, bem acima de nós, todos os canos de gás, os tubos condutores de eletricidade e as tubulações de águas pluviais são como faixas e banners bailando com silhuetas esbeltas.
Jamais seria grosseiro a ponto de dizer que deveria ficar deste lado do rio e deixar fluir ao longo do dia todos os desejos de alcançar a outra margem. Você é especial com esse espírito pairando como fumaça acida da cidade, cruzando os céus para longe do sol. Não fique muito tempo longe. Poetas e fumaça sempre aparecem depois das cinco, quando o céu começa a ficar escuro. Bom que existem corrimões e gizes para se marcar o caminho de volta dado ao grande número de pardais e bem-te-vis, caso que inviabiliza o tradicional modo de marcar o chão com migalhas de pão. Tudo, porém está sob controle. As ideias continuam vindo e o inverno ainda não começou.