Hoje estava pensando nessa tal liberdade.
Daí me veio a mente
Os diversos questionamentos
Que ouço todos os dias a minha volta.
Um dos mais paradoxal diz respeito ao amor:
Enquanto uns dizem saber o que ele é
Outros afirmam, categoricamente, não saber explicá-lo.
Na verdade é difícil expressar algo que não vemos.
As pessoas não entendem
O que é estar preso a um sentimento onde,
Por mais que você queira, não consegue se livrar.
Liberdade é quando você pode sonhar
E realizar aquele sonho.
Mas, daí entra outra questão pertinente:
Ora, um sonho já se explica automaticamente...
Sonho é sonho.
O que se realiza não é sonho é realidade.
Pois bem, voltando a liberdade.
Nas encruzilhadas da vida,
Cansados de tanto caminhar pela longa estrada,
De repente nos deparamos
Com o olhar de uma pessoa que acaba de chegar ali
Naquele exato momento.
O que eu procuro ela procura.
Não existem palavras,
Apenas a troca de olhares
O que é suficiente
Para desestabilizar todo um planejamento.
A partir daquele momento
Já não podemos andar mais sozinho,
A liberdade se foi...
Somos prisioneiros.
Que coisa mais complicada.
Acontece que, por passar situações semelhantes,
As pessoas querem dar palpites
Dizendo que sabe o que estamos passando...
Sabe nada.
Nem a outra pessoa sabe.
Só nós sabemos o que realmente passamos
(ou também não sabemos coisa alguma).
A agonia de querer ser livre
E fazer o que bem queremos.
Mas não temos
Nem a liberdade de escolher no que pensar.
Outra coisa fundamental nessa questão
É o "prejulgamento" que os externos
Fazem da nossa situação.
Observam o nosso semblante e,
No ato, dizem saber o que estamos sentindo:
"Nossa, você viu o passarinho verde?
Está tão feliz!".
Ou: "Poxa vida, por quem você está apaixonado?"...
Caramba, quem disse que estou apaixonado?
E se estou, o que tem isso?
Pode ser que esteja feliz
Porque passo por um momento bom de minha vida
Onde consigo escrever o que gosto.
Adoro falar de sentimento...
Adoro escrever sobre o mundo,
Sobre as divagações de um coração
Anelante pelo prazer de ver
As letras surgindo como se fossem automáticas...
Sim, é isso!
A liberdade que tanto almejo
É aquela de poder dizer,
Sentir e escrever o que quero
Sem ter que lidar com esse "prejulgamento" ridículo
Que prejudica uma alma livre como a minha.
Notaram o paradoxo?
Eu falo de alma livre
E questiono a liberdade de expressão.
Poema: Odair José, o Poeta Cacerense