SERVIÇO DE CHÁ
Sou obrigado a quem me serve o chá,
Enquanto da varanda bem contemplo
Jônicos capitéis em falso templo
Erigido a um deus morto há tempos já.
Junto à mesa imagino tudo o que há
De alegria, valor, virtude e exemplo.
E mais me disciplino se me exemplo
No que vem perturbar-me em hora má.
Pois, se mau o chá, má a reflexão...
Sem cuidado, sequer conversação
Haveria ante à xícara fumeante.
Se meu gesto depende de alheio gesto,
Louvo-o que, indiferente mas honesto,
Acontece-me justo n’este instante!...
Belo Horizonte - 29 06 2010
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.