Poemas : 

Valhacouto

 
<br />Valhacouto

Longe de eu obscurecer nos tugúrios
entre betumes e azorragues.
Afasta a azáfama das asas
— todo deserto é um pio insólito
no labor fátuo de teus vôos.

Alaridos! Becos, vácuos e átrios
Lastro! Vasta semeadura do pó.
Interiores de aços frios e baços
— opacos de meus cantos
ao pranto porcelana dos anjos.

De um alpendre pende o bronze
zoar dos dias lidas fadigas.
Prumo sonoro guia-me
— carismático morcego
mensageiro de meus cantos.

Nas marés esvoaçam tuas azáleas
apregoadas nas escamas.
Olores outrora prometidos
— esmaecidos convés
lírios casquilhos viés andrajos.

Perdem-se nos templos uma pluma
vácuo contido nos silos.
Limbo solene vão da falta
— entoam perenes coristas
regência de minhas odes lástimas.

Decifram-me as garatujas sábias gruas
empedernidas dermes.
Estátuas sacras sargaços
— cantam a fala do rouco
deitam na vala o louco da falha.

Lábios empalhados clamam do vime
ao sustenido chamado.
Sustos decanos enganos
— escusam ouvidos e só
castas legiões inversos portais.
 
Autor
Paulo de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/02/2008 09:24  Atualizado: 20/02/2008 09:24
 Re: Valhacouto
Já li este poema mais que uma vez, os versos ainda sussurram nos meus ouvidos a beleza rara que aqui se espelha.
divinal
Parabéns

ConceiçãoB