Eu sou do contra.
Não páro em nenhuma montra,
talvez no fundo dum armazém,
não daqui, mas do além.
Eu opino
e acho que construo o meu destino,
ninguém destina por mim, não,
se não for da minha opinião!
Acontece ser do contra, acaso,
o presente avança no meu atraso,
fora do lugar:
uma voz que não é possivel calar!
Quando vou na corrente
o rio parece ficar doente,
e lá regresso à margem;
rio acima, a minha viagem...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.