Poemas : 

Rio acima

 
Eu sou do contra.
Não páro em nenhuma montra,
talvez no fundo dum armazém,
não daqui, mas do além.

Eu opino
e acho que construo o meu destino,
ninguém destina por mim, não,
se não for da minha opinião!

Acontece ser do contra, acaso,
o presente avança no meu atraso,
fora do lugar:
uma voz que não é possivel calar!

Quando vou na corrente
o rio parece ficar doente,
e lá regresso à margem;
rio acima, a minha viagem...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/10/2015 08:50  Atualizado: 17/10/2015 08:50
 Re: Rio acima
cidadão e poeta que se preze não pode ir na corrente, essa via sem surpresas ou desafios. parabéns, Rogério