Olha como envelhecem as manhãs
dando à luz o novo dia de vida
Olha como sussurram os pingos
de chuva dançando na brevidade
de cada nuvem que por nós desagua
Olha como nossas tristezas
valorizam todas as agonias
que sepultamos na ressaca
do tempo regurgitado
em puríssimas horas de alegria
Olha e sente
todas as solidões se despedirem
todos os abraços se eternizarem
todos os silêncios desesperarem
pelo timbre das nossas vozes
perfumando o incenssário onde
vocalizamos todos os verbos do amor
Olha e sente
onde por ti
simplesmente adormeço
a calmaria das tuas lágrimas
abrindo no tempo
cada paisagem onde
nossos silêncios dialogam
flamejantes versos decifrados
em cada essência deste meu
insensato coração
Olha como a vida
nos deixa atordoados
à beira da (im)provável
loucura
destinando-nos acidentalmente
a esta curva do tempo
onde escondemos nossas
abissais solidões
abandonadas a cada contorno
do horizonte onde plagiamos
toda a vida e nos
amamos finalmente sem
mais objecções
FC