A fina seda que divide o mundo em dois,
Que separa meus dias das tuas noites.
Que dilacera meu peito com os açoites,
A intensa felicidade que ficou pra depois.
O tecido translúcido que mostra tua face,
Tua voz escapa na direção do meu ouvido.
Cheia do encanto dos sonhos não vividos,
Mas falta teu corpo, pra que o meu abrace.
Antes fossem as sedas paredes de pedra,
E te fosses num voo calado e sem perda,
Pra não brotar dos teus olhos um pranto.
Antes fosse tua face por mim desconhecida
E sem meus amores passasses a tua vida
Sem receber de minhas mãos desencanto.