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ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus
para Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu

Chego a ver-te a Marília, bom Dirceu,
Folgando, esperançosa, n'estes campos
Gerais de mim... D’além sertões escampos.
Porque o amor d'ela fora já o meu.

Chego a ver ninfas cá onde estou eu
A brincar nuas com vãos pirilampos:
Seus seios tão alvos quanto figos lampos!
Algo que de teu tempo se perdeu...

Chego a ver, todavia, eu nada vejo,
Ou melhor, finjo ver ao ter a vista
Local ameno ao qual luz um lampejo.

O visto é fingimento teu de artista:
Vejo não o que vejo, mas desejo...
Finjo, para sem ver, ver-te a benquista.

Ouro Preto - 10 10 1995


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 07/10/2015 10:57  Atualizado: 07/10/2015 10:57
Usuário desde: 29/01/2015
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 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus
Àqueles, poetas ou não, que viveram nas luzes de uma era brilhante...

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 07/10/2015 15:36  Atualizado: 07/10/2015 15:36
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
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 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus
Saudações, luso-poetas.

Do fundo do bau, outra série de sonetos: ARCÁDIA ULTRAMARINA.

Trata das tentativas oitocentistas de criação de um ambiente intelectual, poético e político no Brasil colonial. Dessa época se tem memória, além da afamada Inconfidência Mineira, a passagem de Bocagé pelo Rio de Janeiro, a fundação de Academias Literárias por Silva Alvarenga, o sucesso poético-musical de Manoel Barbosa nas duas margens do Atlântico e as utopias americanas de José Bonifácio de Andrada.

Cada soneto recebe uma epígrafe latina vinculada ao pseudônimo ou epíteto do vulto histórico retratado.

Escrevi-os em meados dos anos noventa e, após todos esse anos, parecem-me um tanto estranhos. Em todo caso, trago a lume para vossa leitura.

Confesso não esperar muito senão fazer memória de homens impressionantes cujas vozes continuam ecoando pelas ladeiras de minha amada Ouro Preto.

É a aura dessa belíssima cidade que tento evocar pelos meus pouco harmoniosos versos... Espero que aprecieis.

Abraços, Ricardo Cunha.

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 08/10/2015 14:19  Atualizado: 08/10/2015 14:19
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4972
 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus
Nessa revisão, pude concatenar melhor as diversas narrativas e interesses. O mais interessante de cada soneto é a tentativa de mesclar vida e obra tendo em vista as divisa latinas que procuravam nortear a produção literária árcade.

Por isso esses sonetos me parecem tão estranhos hoje: são anafóricos e ainda citam a divisa latina traduzida no corpo do poema. Talvez soe artificial tantas normas dentro das normas normais... O facto é que nunca mais escrevi assim. Na verdade, vejo como uma fase de transição importante esse ciclo de sonetos dentro do meu estilo pessoal. Até 1995, eu adorava rebuscamentos e jogos de palavras no texto poético... Eu sacrificava a clareza do conteúdo em nome dos mais questionáveis efeitos sonoros, imagéticos e mesmo gráficos nos poemas.

Esses sonetos, portanto, têm muito desse afã por figuras de linguagem e de retórica que me encantava então.

Oxalá se aproveite algo de bom deles!...

Abraços, RicardoC.



Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 09/10/2015 23:16  Atualizado: 09/10/2015 23:16
Usuário desde: 29/01/2015
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 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus
Saudações, luso-poetas.

Concluída a publicação da série de dez sonetos "ARCÁDIA ULTRAMARINA". Amanhã publico a série completa, tl como fiz com A NINFA e TRÍPTICO.

Obrigado àqueles que leram e comentaram.

Abraços, Ricardo Cunha.