Quando um dia eu morrer, que sorte,
não quero terra, campa ou jazigo,
para que não se acoitem à minha morte,
só de cinza pretendo ser vestido!
Que arda o fogo no meu corpo,
queime a dor que me viveu a existência,
pois só assim, sobre tábuas enfim morto,
será cinza a solidão em permanência!
E se p'ra matar esta fria solidão
o único caminho for morrer,
então, semeio a morte no fundo da razão!
E assim, já tenho uma razão para morrer,
é preciso libertar meu coração
da amarra que é pensar em não sofrer ...
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro