Corro como um louco, doido varrido,
E levo de arrasto quem me encanta.
Mato a sede na lágrima, choro dorido,
Um desatino que a minha dor suplanta.
Desfaço nós dentro de nós mesmos,
Como quem grita num ouvido surdo.
Cato do chão o amor que nós temos,
Corro ainda mais, e beiro o absurdo.
Entre o choro, o grito, o passo veloz,
Anseio um só momento contigo a sós,
Esmurrando o ar, perdendo no vento,
As certezas e as verdades de outrora,
Que já nem sei mais o passo das horas,
De tanto que quero perder-me no tempo.