Que dizer agora que aceitei a separação?
Que preferi versos enlevando sorrisos,
enquanto afoitas na fria roca das horas,
adversidades eram-me tecidas sem piedade.
Que na faina incansável de encontrar a rima
não percebi um ingente abissal se abrindo,
entre seu sentir e toda a minha dedicação.
Enquanto fazia tantos versos apaixonados,
nosso amor feneceu de estagnação.
Dizendo da meiguice do seu rosto,
cantando loas a seus olhos verdes
perdi você, sem esperanças que volte.
O senhor da razão dará o ditame expresso,
não quero mais entender o que aconteceu,
nem tenho mais expectativas de retrocesso,
depois que deixou carinhos imersos no breu.
Conformado estarei neste longo degredo;
apenas, prefiro acreditar que foi conspiração,
sortilégio de um destino tecido em segredo.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.
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