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A LIRA E A FLAUTA -- epílogo

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
A LIRA E A FLAUTA -- epílogo

Oh musas, silenciai. Vem a noite e está tarde. 
Há pouco o sol se pôs... Outro ocaso afinal!...
E desde o início busca a história algum final, 
Embora, à escuridão, contemplativo o atarde. 

Suaves, a lira e a flauta: Adágio em fim de tarde.
Se o moderno se furta a lembrar do imortal, 
Os deuses morrerão de morte natural... 
De facto, a Hélade havida entre fogueiras arde. 

Vós, musas, repousais... Há tanto adormecidas! 
O artista ousara criar, mas não mais lhe compete,
Pois mesmo que acordeis, sequer sereis ouvidas.

Há ruído demais onde o óbvio se repete!...
E enquanto as artes são ao presente esquecidas, 
A Humanidade bebe as águas vãs do Lete. 

Betim - 03 09 1995 


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 26/09/2015 19:13  Atualizado: 29/01/2019 10:30
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 Re: A LIRA E A FLAUTA -- epílogo
Série de sonetos escrita por mim em 1995, A LIRA E A FLAUTA são os primeiros sonetos alexandrinos que publico no LUSO-POEMAS. Eu parei de escrever dodecassílabos há cerca de quinze anos, procurando me especializar no verso heroico e na redondilha maior. Via os alexandrinos como vão virtuosismo e foi com muito esforços que os revisei no afã de torná-los menos rebuscados. Espero que algum sucesso...

A história do duelo musical me interessou então como exercício de imaginação, pois, percebi que mais do que simplesmente recontar os mitos eu poderia propor discursos e poéticas para suprir as lacunas da própria história conservada a partir do originais da Antiguidade. Por isso intentei em pôr no lugar de Apolo e imaginar qual foi a canção que ele cantou para virar a partida diante de Mársias e mesmo quais a razões de Mársias para a temeridade de enfrentar o Febo...

Por fim, escrevi por achar que a história tal como me foi apresentada pelos mitólogos e poetas não havia dito tudo o que eu julgava digno de interesse. É isso.

Abraços, Ricardo Cunha.