“ Línguas várias, discursos insofridos,
Lamentos, vozes roucas, de ira os brados,
Rumor de mãos, de punhos estorcidos,
Nesses ares, pra sempre enevoados,
Retumbavam girando e semilhando
Areais por tufão atormentados.”
A Divina Comédia - Inferno - Canto III
Luta tenaz, espúria,
vejo-a, apreensivo,
ó espírito ganancioso.
Deixou o Bem fenecer
na liça do cerne,
o imo desnudado
Agora que vozes
clamam ao contencioso
prostrar-se sem pejo
sem sangue, na face,
arrostado, de joelhos
mais uma vez cobarde
diante dos espelhos.
Reflitam eles imagens,
as estampas reais
das efigies virtuais
que escondem atrás;
diante de seus olhos
vazados olhos burlados.
Vez mais exore húmil
que se tolere sem ônus
o despertar d’alma impura.
Em obstinadas refregas,
tantas batalhas, piegas!
Deu-se a avaliar bem claro
inimigo tão-poderoso.
A voz soa altissonante,
porém destoa dos atos;
não titubeia em cravar
aguçada a lança nas costas
A voz que soa alto é interior,
abafada na penumbra,
contida no dezazo.
novamente precisa se alforriar
granjear alento próprio,
posto carente de ser corajoso
e revelar algum espírito.